"De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo
o distante
Fez-se da vida uma
aventura errante
De repente, não mais que de repente."
(Vinícius de
Moraes, Soneto de separação)
E doeu, como doeu...
Zé de Serrania me diria:
" O amor é uma dor
É um tédio sem remédio..."
Será mesmo Zé?
O amor não dói,
Amar tanto faz com que eu
me sinta mais viva.
Oras, e o que doeu tanto?
Doeu ter que não mais que de repente refazer todos os meus planos.
Doeu querer aqueles
braços em meio a muitos outros abraços,
e não compartilhar mais
as boas notícias,
e continuar sentindo,
ainda que timidamente, a esperança de um recomeço
Doía não saber o que
fazer quando minha única vontade era gritar que eu amo!
O que dói não é o amar.
Este amor ainda está
aqui, talvez perdure por todo o sempre, mutante como eu e como os outros
amores que tenho na vida...
Entretanto há agora a
alegria de ver que meu amado é mais feliz longe de mim.
E há o alívio, porque já
não existem rancores, nem desejos, nem medos, nem esperanças.
E me resta seguir,
"E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."
(Vinícius de Moraes, O verbo no infinito)